No ano de 1850, chegou a nossa região, conhecida desde o século XVII pelos espanhóis que por aqui andavam em companhia dos jesuítas, Joaquim Correa de Mello e sua família, vindos do Campo do Tenente, no Paraná. Descendência portuguesa e nascida no Rio Grande do Sul, ele adquiriu a Fazenda Velha do Espinilho (espinilho: árvore de pequeno porte da família das acácias possui espinhos e com flores de bela coloração lilás nome pelo qual Monte Carlo ficou conhecida (além de Espinilho, também foi chamada Campina do Leite e Fita Pisani)). Localizada no lugar chamado Butiá, próximo a Taquaruçu, a região era densamente coberta por matas de araucárias e imbuias e povoada por índios (Kaigang e Xokleng) chamados de bugres pelos brancos desbravadores. Joaquim Correa de Mello morre em 1894 e foi enterrado no cemitério da época, onde hoje está localizado o Prédio do Sr. Olívio Albuquerque.
Na década de 40, a chegada das primeiras empresas madeireiras instaurou um ciclo de desenvolvimento à região. A principal indústria veio da vizinha Tangará trazida pela família Pisani. Nelson, Carlos e Waldemar encontraram um povoado com seis, casas, um boteco e uma igreja, cujo sino estava dependurado em uma árvore próxima.
Para tocar a serraria, os Pisani trouxeram funcionários de outras cidades próximas e que aqui moravam em um pequeno hotel da cidade, voltavam para casa somente nos finais de semana. Aos poucos, a empresa madeireira passou a construir casas para os trabalhadores, e a cidade foi sendo formada. Surgiram novos negócios, como armazéns, açougues, oficinas mecânicas, cartórios, farmácias de serviços, e foram realizados investimentos em infra-estrutura escolas, ruas, bairros, usina hidrelétrica, aeroporto, meios de comunicação e transporte, igreja, associações.
O nome Monte Carlo tem origem na visita do Sr. Carlos Pisani ao Principado de Mônaco, na Europa, onde está localizada a cidade de Monte Carlo. Seu entusiasmo foi tão grande que a população resolveu, para homenageá-lo, trocar a denominação Espinilho por Monte Carlo.
Em 1963, a localidade foi declarada 12º Distrito de Campos Novos. Emancipou-se politicamente em 26 de setembro de 1991, e a instalação administrativa do município ocorreu em 1º de janeiro de 1993.
Monte Carlo está dentro do espaço territorial que se chamou de Região do Contestado, palco de disputa de terras entre Paraná e Santa Catarina, encerrada em 1916. O local foi base para concentração de forças militares para o 2º ataque a Taquaruçu, em 1913, durante a Guerra do Contestado (1912 , 1916) movimento social que se transformou em conflito armado entre forças militares e a população revoltada liderada por caboclos.
Por estar situada no caminho entre Campos Novos e Taquaruçu, Espinilho era caminho para os secretários do monge José Maria. Na localidade da Vila Arlete, encontra-se uma nascente de água tida como benta e considerada de propriedades curativas pela população por ter sido abençoada pelo monge João Maria, antecessor de José Maria.
O caboclo, elemento humano presente na região, tem sua origem na miscigenação entre o índio (Tupi-Guarani, Kaigang e Xokleng), o branco (lusitano ou castelhano) e o negro (escravo africano). Herdou dos índios o amor pela terra. Também é conhecida pela religiosidade, valentia, apego á família e por ser “pau-para-toda-obra”: criador, lavrador, caçador, peão, agregado, mateiro, serrador, lenhador.
Na década de 60, o governo federal regulamentou a Lei de incentivo ao Reflorestamento, que permitiu que florestas montecarlenses fossem repostas com pinus, planta exótica de procedência norte-americana que se adaptou muito bem à região sul do Brasil, com produtividade superior à existente em seu local de origem, impulsionando ainda mais a economia do município.
As empresas madeireiras e reflorestadora que deram origem aos atuais contornos urbanos de Monte Carlo ampliaram seu leque de atividades, além do viveiro de mudas para reflorestamento e dos próprios reflorestamentos, apostaram em industrialização da madeira, criação de suínos, pecuária de corte e de leite e iniciaram a cultura da maçã em Monte Carlo.
Hoje o povo montecarlense tem orgulho do seu passado e luta a cada dia, vivendo seu presente de olho no seu futuro, escrevendo mais algumas linhas na história desta cidade há muito abençoada.
Fonte: Cristóvão J. Scheneider Bacharel em História UnC Caçador.